Alunas: Juliana Lisboa (15) e Milleny Lacerda (20)
Doença hepática alcoólica
A doença hepática alcoólica
é uma das consequências clínicas mais graves do uso crônico do álcool. Além
disto, o uso excessivo e crônico do álcool é a causa isolada mais importante de
doença e morte por hepatite e cirrose nos Estados Unidos.
O fígado é um órgão
particularmente susceptível aos danos provocados pelo álcool pois ele é o
principal sítio de metabolização desta substância no organismo.
Além do fígado ser um dos
maiores órgãos do corpo humano, ele apresenta a capacidade de regenerar-se,
consequentemente, os sintomas relacionados à lesão hepática provocada pelo
álcool podem não aparecer até que esta seja realmente extensa. No sexo
masculino, esta condição pode ser alcançada pelo uso de aproximadamente 2
litros de cerveja, 1 litro de vinho ou 240 ml de bebidas destiladas ingeridas
diariamente por pelo menos 20 anos. Nas mulheres, a quantidade necessária para
produzir prejuízos semelhantes é de apenas ¼ à ½ deste montante.
O consumo diário de bebida
alcoólica, por um longo período de tempo, é uma condição fortemente associada
ao desenvolvimento de lesões hepáticas, porém, apenas metade dos usuários que a
consomem com esta frequência vão desenvolver hepatite ou cirrose alcoólica4.
Estes achados sugerem que outras condições como: hereditariedade, fatores
ambientais ou ambos devam influenciar no curso da doença hepática.
Metabolismo do álcool
A maior parte do álcool
ingerido é metabolizado no fígado pela ação da enzima álcool desidrogenase
(ADH). Esta enzima converte o álcool em acetaldeído, que mesmo em pequenas
concentrações, é tóxico para o organismo. A enzima aldeído desidrogenase
(ALDH), por sua vez, converte o acetaldeído em acetato3. A maior parte do
acetato produzido, atinge outras partes do organismo pela corrente sanguínea
onde participa de outros ciclos metabólicos.
O sistema de enzimas
microssomais oxidativas (SEMO) pertencem à família dos citocromos e compreendem
um sistema alternativo de metabolização do álcool no fígado. O SEMO transforma
o álcool em acetaldeído pela ação do citocromo P450 2E1 ou CYP2E1 presentes nas
células hepáticas
.
Tipos de lesões hepáticas provocadas pelo álcool
Em
indivíduos que fazem uso abusivo do álcool as doenças hepáticas mais
encontradas são:
1.
Esteatose alcoólica (fígado gorduroso). A
deposição de gordura ocorre em quase todos os indivíduos que fazem uso abusivo
e frequente do álcool. Contudo, é uma condição clínica que também pode ocorrer
em indivíduos não alcoolistas, após um único episódio de uso abusivo do álcool.
A esteatose corresponde ao primeiro estágio da doença hepática alcoólica. Caso
o indivíduo pare de beber neste estágio, ele recuperará sua função hepática. A
esteatose também pode ocorrer em indivíduos diabéticos, obesos, com desnutrição
protéica severa e usuários de determinados medicamentos.
2.
Hepatite alcoólica: esta condição implica em
uma inflamação e/ou destruição (ex. necrose) do tecido hepático. Os sintomas
incluem: perda de apetite, náusea, vômito, dor abdominal, febre e em alguns
casos, confusão mental. Embora esta doença possa levar à morte, na maior parte
das vezes ela pode ser revertida com a abstinência alcoólica. A hepatite
alcoólica ocorre em aproximadamente 50% dos usuários frequentes do álcool.
Cirrose alcoólica: É uma forma avançada de
doença hepática decorrente de um dano progressivo das células hepáticas. A
cirrose costuma ser diagnosticada em 15 a 30 % dos usuários crônicos e abusivos
do álcool.
Um fígado cirrótico é
caracterizado por uma fibrose extensa que compromete o funcionamento do fígado
podendo inclusive prejudicar o funcionamento de outros órgãos como cérebro e
rins. Embora a cirrose alcoólica possa levar o indivíduo à morte em função de
suas complicações (ex. falha renal e hipertensão portal), ela pode ser
estabilizada pela abstinência completa do álcool.
Estas três condições
clínicas costumam estar sequencialmente relacionadas, de forma progressiva, da
esteatose à cirrose. Contudo, alguns indivíduos podem desenvolver cirrose sem
ter tido hepatite e algumas hepatites de início súbito e curso rápido levam à
morte antes de desenvolver cirrose.